Deixe de julgar,
criticar, condenar ou menosprezar a si mesmo
Nas escrituras e
literatura espiritual, muitas referências lhe indicam que você deverá modificar
algo em seu modo de vida, ou fazer alguma coisa para receber a Graça de Deus.
Lembre-se do que agora lhe digo: a responsabilidade não lhe pesa sobre os
ombros ou sobre os ombros de alguém. Assim, peço-lhe que se abstenha de
criticar ou julgar as pessoas e, especificamente, deixe de julgar, criticar,
condenar ou menosprezar a si mesmo e sua própria compreensão, pois a
responsabilidade pelo seu aprimoramento não recai sobre seus ombros: recai
sobre os ombros do Cristo.
Relaxe mais na
conscientização de que o Cristo é quem o está conduzindo, guiando e dirigindo.
Nunca creia que os santos, sábios e profetas do mundo, por alguma grandiosa
ação de vontade própria, chegaram àquela posição, pois não é verdade. Mesmo
atualmente, constatamos a existência de suficiente número de amadas luzes
espirituais, mestres, líderes e praticistas, para sabermos que jamais alguém
abandonou o conceito pessoal de vida para se tornar esse mestre ou líder
espiritual conhecido: saíram do mundo dos negócios ou dos afazeres caseiros
pela Graça de Deus, que os tornou "pescadores de homens".
O Mestre andava pela
encosta e, ao escolher seus discípulos, prometeu-lhes: "Vinde após mim, e
eu vos farei pescadores de homens". Você poderia pensar que eles fossem
homens de elevada compreensão, pela obediência que demonstraram. Mas não, eles
não possuíam poder algum para deixar de obedecer. Não possuíam maior poder para
resistir ao chamado do Mestre do que o poder que temos, você ou eu, para fazer
isto. Quando o Mestre disser: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores
de homens", você irá obedecê-Lo. Você já vinha fazendo isso, pelo
sacrifício de tempo, dinheiro, esforço, e pelos seus estudos e meditações. Já
pôde demonstrar ser incapaz de resistir à atividade do Cristo em sua
consciência, mesmo que tivesse esse desejo ou vontade, o que certamente não é o
caso. Mas, se fosse, e se lhe faltasse compreensão, sabedoria, coragem ou
determinação, mesmo assim nenhuma diferença faria, pois há algo em você
superior a qualquer idéia humana de rebelião ou de anseio por conforto
material.
Realmente, o ser
humano tem o desejo normal e natural de querer ficar no conforto, e são
pouquíssimos os que despendem tempo, esforço e dinheiro para ampliar seus
conhecimentos sobre Deus como você vem fazendo. Ah, não! O ser humano tem
casamentos para comparecer, funerais, necessita de retirar jumentos caídos na
vala. O ser humano dispõe de muitas coisas que ocupam seu tempo — teatro,
reuniões, atividades esportivas --, e deixa de atender à atividade do Cristo.
Mas, uma vez tocado e chamado pelo Dedo divino, esteja certo de uma coisa: ele
irá atender a esse chamado.
Após serem escolhidos,
teriam os discípulos alguma responsabilidade por suas carreiras? Não! O Mestre
os enviou. Foram mandados sem bolsa e sem alforje; seguiram o caminho
determinado, e sobreviveram. Noutra ocasião, seguiram com bolsa e alforje, e
também sobreviveram. O Mestre levou alguns ao topo da montanha – ele os levou.
Teriam ido por conta própria? Não! Ele os levou. Tiveram poder para resistir?
Não! Também você e eu não temos esse poder. Isto constitui a vida pela Graça.
Tudo que hoje transpira em sua vida, e tudo que irá transpirar a partir de
agora até a eternidade, são e continuarão a ser uma atividade da Graça.
Ah, eu sei que alguns,
e talvez até eu mesmo esteja aí incluído, tentarão resistir por certo tempo.
Vez ou outra tentarão ficar de lado, retornando a algum senso, vontade ou
ambição de cunho pessoal; mas, serão forçados a voltar, pois nenhuma condição
para resistir ao Cristo lhes será concedida. Quando ocorre o chamado, somos
incapazes de rejeitá-lo ou de refutá-lo. É verdade que poderemos negar o Mestre
até mesmo "por três vezes"; poderemos ser acusados de traição, de
estar dormindo no Jardim de Getsêmane. Que importa? Não nos deixemos ficar
perturbados ou alarmados por causa disso. Que não haja autocondenação por estas
nossas faltas! Percebamos que aquilo foi a parte da ilusão que não pudemos
evitar; mas que, devido à Graça divina, o ultimato da salvação nos será ainda
mais inevitável.
Foi bem mais
inevitável que Pedro curasse aquele homem à porta do templo Formosa, do que ele
negasse o Cristo. Sua negação do Cristo foi mero incidente, daqueles pequenos
exemplos em que um ser humano cai à beira do caminho, para assegurar
popularidade junto às massas, ou por temer algum castigo. Não sejamos tão
severos nesses julgamentos. Talvez cada um de nós fizesse o mesmo! Talvez!
Neste mundo, há pessoas que, por este ou aquele motivo, renunciam
temporariamente à dedicação plena ao seu seguimento ao Cristo. Sejamos
bondosos, justos e compassivos com elas. São apenas traços de humanidade ainda
presentes, que pouco diferem da cena em que os discípulos caíram no sono,
quando estavam no jardim. Não há nenhum dano real nisso tudo! Trata-se apenas
de um lapso temporário.
O que era inevitável,
portanto, era ocorrer o despertar dos discípulos para o Pentecostes, com a
descida do Espírito Santo sobre eles, apesar de todas aquelas experiências.
Passaram a ouvir em sua própria língua a linguagem do Espírito; e, a partir de
então, foram cuidar "dos negócios do Pai". Ainda assim, ainda erraram
em achar que poderiam distribuir seus recursos e viver satisfeitos por
dividi-los entre os membros do grupo. Concluíram, porém, que todos deveriam
viver segundo o próprio estado de consciência; que deveriam demonstrar sua maior
ou menor entrada de recursos; que deveriam demonstrar seu grau de conforto e de
harmonia na vida, não pela força ou poder, não pela divisão daquilo que está
neste mundo, não às custas de outra pessoa, mas pelo próprio grau de
conscientização do Cristo em si mesmos.
No mundo
quadridimensional, você vive pela Graça — "não pela força ou pelo poder,
mas pelo Meu Espírito". Cada um é responsável pela própria integridade;
cada um é responsável pelo seu próprio desenvolvimento; porém, se for julgar
pelo mundo das aparências, durante sua "jornada de 40 anos pelo
deserto", é possível que encontre alguns escorregando, escorregando,
escorregando, por longa distância no sentido contrário ao Caminho. Talvez
chegue a ficar chocado com certas coisas que conhecerá daqueles que
aparentemente tinham já avançado boa distância da jornada. Seja caridoso:
lembre-se de que tudo não passa de pequena fraqueza humana, e esteja certo de
que o Cristo a dissolverá, uma vez que a atividade do Cristo é a dissolução da
humanidade de alguém, de suas fraquezas e de suas ilusões.
Paciência! Paciência!
Você dispõe de uma eternidade para trabalhar em sua salvação. Paciência! Seja
paciente com os demais, e também consigo próprio. Perdoe a si mesmo, e com a
freqüência que chegar a cair, levante-se novamente. Não haverá escolha!
Inevitavelmente, a Voz fará soar em seus ouvidos: "Vinde após mim, e eu
vos farei pescadores de homens."
Ficará então ciente de
que é o "Eu" que o estará chamando. Saberá que não será sua vontade
própria agindo, e isto o impossibilitará de ser bem-sucedido ou mal-sucedido.
Lembre-se: você não poderá ter sucesso nem fracasso. Por quê? Porque Eu
o chamei para fazer de você "pescador de homens". Assim, haverá de
ser o Meusucesso operando em você e através de você, e isso para
que se cumpra o Meuobjetivo. Dessa forma, você passará a ser
simplesmente um instrumento.
Em momentos de
insucesso temporário, faça-se recordar que também aquilo faz parte do plano.
Talvez seja a parte dele que irá ensiná-lo que você, de você mesmo, não pode
ter sucesso nem fracasso, pois o Eu, que o chamou, é o único sucesso.
"Vinde após mim,
e eu vos farei pescadores de homens." Eu farei isto. Que é este Eu? Onde
está este Eu? Este Eu do nosso ser não é Deus? Que seria mais poderoso? Eu ou
um remédio material? Eu ou o dinheiro no Banco? "Vinde após mim, e eu vos
farei pescadores de homens." Siga este Eu, que está dentro de você, o Pai
interior.
Siga este Cristo, este
Princípio, este Espírito que se aloja no interior de seu próprio ser, e
verifique que, por se abdicar das dependências materiais da vida, terá o
desenvolver de uma vida espiritual mais elevada, apurada e jubilosa,
manifestada como saúde melhorada e suprimento mais abundante.
Será capaz de abrir
mão de todas as dependências materiais? Será capaz de abandonar a dependência à
sua família, com relação ao amor, justiça e compaixão, esperando que tudo venha
do Pai? Será capaz de transferir sua expectativa de justiça de um júri ou juiz
para o Pai, no interior de seu próprio ser? Ou de transferir sua expectativa de
gratidão, recompensa, reconhecimento ou apreciação por parte de patrão,
funcionários, membros de sua família, unicamente para o Pai dentro de você?
Será capaz de seguir somente o Espírito interior, e não o senso pessoal
exterior?
Onde está você, agora,
em consciência? Naquele que diz ao Mestre: "Não, aguarde um pouco mais.
Devo pescar para sustentar minha família... siga em frente, enquanto aqui
ficarei confiando em seres humanos para receber recompensa, reconhecimento,
cooperação, gratidão."? Ou terá alcançado aquele ponto de consciência dos
discípulos, que sem questionamentos deixaram suas redes?
O Mestre não pediu
àquelas pessoas que seguissem um homem de nome Jesus. Pediu-lhes que seguissem
o ensinamento de que o Eu interior é o Messias. E hoje, ninguém lhe está
pedindo que siga um homem ou um livro, mas que sigam a Mim, o Eu, o Espírito,
no âmago de seu próprio ser.
Deixem suas
"redes", e sigam o Eu. Deixem seus meios e costumes materiais, e sigam
o Eu, o Espírito dentro de vocês, o divino Cristo, depositando nEle maior
confiança do que em algo ou alguém do reino exterior.
Ao menos alguns,
dentre vocês, chegaram a ponto de desenvolvimento espiritual para serem
chamados, hoje, a escolher a quem irão servir. Alguns não tinham ainda deixado
suas "redes"; alguns não tinham ainda abandonado sua dependência ou
confiança em meios materiais ou em seres humanos; alguns não tinham ainda
aprendido a confiar inteiramente no Pai interior. Mas, agora, vocês estão sendo
chamados para deixar as suas "redes".
Joel S. Goldsmith
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