Pescadores de Homens - (Joel S. Goldsmith)


Deixe de julgar, criticar, condenar ou menosprezar a si mesmo


Nas escrituras e literatura espiritual, muitas referências lhe indicam que você deverá modificar algo em seu modo de vida, ou fazer alguma coisa para receber a Graça de Deus. Lembre-se do que agora lhe digo: a responsabilidade não lhe pesa sobre os ombros ou sobre os ombros de alguém. Assim, peço-lhe que se abstenha de criticar ou julgar as pessoas e, especificamente, deixe de julgar, criticar, condenar ou menosprezar a si mesmo e sua própria compreensão, pois a responsabilidade pelo seu aprimoramento não recai sobre seus ombros: recai sobre os ombros do Cristo.


Relaxe mais na conscientização de que o Cristo é quem o está conduzindo, guiando e dirigindo. Nunca creia que os santos, sábios e profetas do mundo, por alguma grandiosa ação de vontade própria, chegaram àquela posição, pois não é verdade. Mesmo atualmente, constatamos a existência de suficiente número de amadas luzes espirituais, mestres, líderes e praticistas, para sabermos que jamais alguém abandonou o conceito pessoal de vida para se tornar esse mestre ou líder espiritual conhecido: saíram do mundo dos negócios ou dos afazeres caseiros pela Graça de Deus, que os tornou "pescadores de homens".


O Mestre andava pela encosta e, ao escolher seus discípulos, prometeu-lhes: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens". Você poderia pensar que eles fossem homens de elevada compreensão, pela obediência que demonstraram. Mas não, eles não possuíam poder algum para deixar de obedecer. Não possuíam maior poder para resistir ao chamado do Mestre do que o poder que temos, você ou eu, para fazer isto. Quando o Mestre disser: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens", você irá obedecê-Lo. Você já vinha fazendo isso, pelo sacrifício de tempo, dinheiro, esforço, e pelos seus estudos e meditações. Já pôde demonstrar ser incapaz de resistir à atividade do Cristo em sua consciência, mesmo que tivesse esse desejo ou vontade, o que certamente não é o caso. Mas, se fosse, e se lhe faltasse compreensão, sabedoria, coragem ou determinação, mesmo assim nenhuma diferença faria, pois há algo em você superior a qualquer idéia humana de rebelião ou de anseio por conforto material.


Realmente, o ser humano tem o desejo normal e natural de querer ficar no conforto, e são pouquíssimos os que despendem tempo, esforço e dinheiro para ampliar seus conhecimentos sobre Deus como você vem fazendo. Ah, não! O ser humano tem casamentos para comparecer, funerais, necessita de retirar jumentos caídos na vala. O ser humano dispõe de muitas coisas que ocupam seu tempo — teatro, reuniões, atividades esportivas --, e deixa de atender à atividade do Cristo. Mas, uma vez tocado e chamado pelo Dedo divino, esteja certo de uma coisa: ele irá atender a esse chamado.


Após serem escolhidos, teriam os discípulos alguma responsabilidade por suas carreiras? Não! O Mestre os enviou. Foram mandados sem bolsa e sem alforje; seguiram o caminho determinado, e sobreviveram. Noutra ocasião, seguiram com bolsa e alforje, e também sobreviveram. O Mestre levou alguns ao topo da montanha – ele os levou. Teriam ido por conta própria? Não! Ele os levou. Tiveram poder para resistir? Não! Também você e eu não temos esse poder. Isto constitui a vida pela Graça. Tudo que hoje transpira em sua vida, e tudo que irá transpirar a partir de agora até a eternidade, são e continuarão a ser uma atividade da Graça.


Ah, eu sei que alguns, e talvez até eu mesmo esteja aí incluído, tentarão resistir por certo tempo. Vez ou outra tentarão ficar de lado, retornando a algum senso, vontade ou ambição de cunho pessoal; mas, serão forçados a voltar, pois nenhuma condição para resistir ao Cristo lhes será concedida. Quando ocorre o chamado, somos incapazes de rejeitá-lo ou de refutá-lo. É verdade que poderemos negar o Mestre até mesmo "por três vezes"; poderemos ser acusados de traição, de estar dormindo no Jardim de Getsêmane. Que importa? Não nos deixemos ficar perturbados ou alarmados por causa disso. Que não haja autocondenação por estas nossas faltas! Percebamos que aquilo foi a parte da ilusão que não pudemos evitar; mas que, devido à Graça divina, o ultimato da salvação nos será ainda mais inevitável.


Foi bem mais inevitável que Pedro curasse aquele homem à porta do templo Formosa, do que ele negasse o Cristo. Sua negação do Cristo foi mero incidente, daqueles pequenos exemplos em que um ser humano cai à beira do caminho, para assegurar popularidade junto às massas, ou por temer algum castigo. Não sejamos tão severos nesses julgamentos. Talvez cada um de nós fizesse o mesmo! Talvez! Neste mundo, há pessoas que, por este ou aquele motivo, renunciam temporariamente à dedicação plena ao seu seguimento ao Cristo. Sejamos bondosos, justos e compassivos com elas. São apenas traços de humanidade ainda presentes, que pouco diferem da cena em que os discípulos caíram no sono, quando estavam no jardim. Não há nenhum dano real nisso tudo! Trata-se apenas de um lapso temporário.


O que era inevitável, portanto, era ocorrer o despertar dos discípulos para o Pentecostes, com a descida do Espírito Santo sobre eles, apesar de todas aquelas experiências. Passaram a ouvir em sua própria língua a linguagem do Espírito; e, a partir de então, foram cuidar "dos negócios do Pai". Ainda assim, ainda erraram em achar que poderiam distribuir seus recursos e viver satisfeitos por dividi-los entre os membros do grupo. Concluíram, porém, que todos deveriam viver segundo o próprio estado de consciência; que deveriam demonstrar sua maior ou menor entrada de recursos; que deveriam demonstrar seu grau de conforto e de harmonia na vida, não pela força ou poder, não pela divisão daquilo que está neste mundo, não às custas de outra pessoa, mas pelo próprio grau de conscientização do Cristo em si mesmos.


No mundo quadridimensional, você vive pela Graça — "não pela força ou pelo poder, mas pelo Meu Espírito". Cada um é responsável pela própria integridade; cada um é responsável pelo seu próprio desenvolvimento; porém, se for julgar pelo mundo das aparências, durante sua "jornada de 40 anos pelo deserto", é possível que encontre alguns escorregando, escorregando, escorregando, por longa distância no sentido contrário ao Caminho. Talvez chegue a ficar chocado com certas coisas que conhecerá daqueles que aparentemente tinham já avançado boa distância da jornada. Seja caridoso: lembre-se de que tudo não passa de pequena fraqueza humana, e esteja certo de que o Cristo a dissolverá, uma vez que a atividade do Cristo é a dissolução da humanidade de alguém, de suas fraquezas e de suas ilusões.


Paciência! Paciência! Você dispõe de uma eternidade para trabalhar em sua salvação. Paciência! Seja paciente com os demais, e também consigo próprio. Perdoe a si mesmo, e com a freqüência que chegar a cair, levante-se novamente. Não haverá escolha! Inevitavelmente, a Voz fará soar em seus ouvidos: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens."


Ficará então ciente de que é o "Eu" que o estará chamando. Saberá que não será sua vontade própria agindo, e isto o impossibilitará de ser bem-sucedido ou mal-sucedido. Lembre-se: você não poderá ter sucesso nem fracasso. Por quê? Porque Eu o chamei para fazer de você "pescador de homens". Assim, haverá de ser o Meusucesso operando em você e através de você, e isso para que se cumpra o Meuobjetivo. Dessa forma, você passará a ser simplesmente um instrumento.


Em momentos de insucesso temporário, faça-se recordar que também aquilo faz parte do plano. Talvez seja a parte dele que irá ensiná-lo que você, de você mesmo, não pode ter sucesso nem fracasso, pois o Eu, que o chamou, é o único sucesso.


"Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Eu farei isto. Que é este Eu? Onde está este Eu? Este Eu do nosso ser não é Deus? Que seria mais poderoso? Eu ou um remédio material? Eu ou o dinheiro no Banco? "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Siga este Eu, que está dentro de você, o Pai interior.


Siga este Cristo, este Princípio, este Espírito que se aloja no interior de seu próprio ser, e verifique que, por se abdicar das dependências materiais da vida, terá o desenvolver de uma vida espiritual mais elevada, apurada e jubilosa, manifestada como saúde melhorada e suprimento mais abundante.

Será capaz de abrir mão de todas as dependências materiais? Será capaz de abandonar a dependência à sua família, com relação ao amor, justiça e compaixão, esperando que tudo venha do Pai? Será capaz de transferir sua expectativa de justiça de um júri ou juiz para o Pai, no interior de seu próprio ser? Ou de transferir sua expectativa de gratidão, recompensa, reconhecimento ou apreciação por parte de patrão, funcionários, membros de sua família, unicamente para o Pai dentro de você? Será capaz de seguir somente o Espírito interior, e não o senso pessoal exterior?


Onde está você, agora, em consciência? Naquele que diz ao Mestre: "Não, aguarde um pouco mais. Devo pescar para sustentar minha família... siga em frente, enquanto aqui ficarei confiando em seres humanos para receber recompensa, reconhecimento, cooperação, gratidão."? Ou terá alcançado aquele ponto de consciência dos discípulos, que sem questionamentos deixaram suas redes?


O Mestre não pediu àquelas pessoas que seguissem um homem de nome Jesus. Pediu-lhes que seguissem o ensinamento de que o Eu interior é o Messias. E hoje, ninguém lhe está pedindo que siga um homem ou um livro, mas que sigam a Mim, o Eu, o Espírito, no âmago de seu próprio ser.


Deixem suas "redes", e sigam o Eu. Deixem seus meios e costumes materiais, e sigam o Eu, o Espírito dentro de vocês, o divino Cristo, depositando nEle maior confiança do que em algo ou alguém do reino exterior.


Ao menos alguns, dentre vocês, chegaram a ponto de desenvolvimento espiritual para serem chamados, hoje, a escolher a quem irão servir. Alguns não tinham ainda deixado suas "redes"; alguns não tinham ainda abandonado sua dependência ou confiança em meios materiais ou em seres humanos; alguns não tinham ainda aprendido a confiar inteiramente no Pai interior. Mas, agora, vocês estão sendo chamados para deixar as suas "redes".


Joel S. Goldsmith







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