Joan Tollifson


Realidade simples

Na história da minha vida como uma pessoa, algo parece sempre faltar. Este fantasma "eu" se sente separado e incompleto e tenta desesperadamente chegar a algum lugar e se tornar alguém. Finalmente, este "eu" pode buscar a iluminação, esforçando-se para o seu próprio desaparecimento.

Joan Tollifson

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Acordar Espiritualmente

Dadas as combinações erradas de genética, neuroquímica, condicionamento, provocação e oportunidade, o que nós consideramos coisas horríveis, podem acontecer. "Eu" poderia ser o perpetuador de tais coisas, ou "você" poderia ser. E mesmo que quase com certeza eu fosse querer que assassinos em série ou um molestador de crianças fossem mantidos presos para segurança de todos e poderia mesmo sentir raiva deles, ainda assim, se eu olhasse com profundidade, eu veria que eles não são culpados. Ninguém cometeria atrocidades se realmente tivesse a capacidade de escolha, se fosse realmente livre. Olhando de perto, eu veria que se "eu" estivesse em "seus sapatos" (se eu estivesse em seus lugares, ou seja, com a mesma combinação de genética, neuroquímica, condicionamento, provocação e oportunidade) então "eu" faria exatamente a mesma coisa que "eles" fizeram, por que não há nenhum "eu" e nenhum "eles" separado dos "sapatos" (as dez milhões de condições).

Isso significa que somos impotentes para fazer o que quer que seja, e que deveríamos simplesmente nos sentar e "deixar acontecer" por que "ninguém está fazendo nada disso?" Não.

Significa que este organismo corpo-mente responderá a qualquer situação dada, não importa qual seja, e qualquer pensamento do tipo "eu estou no controle dessa resposta (ou sem o controle dela) é uma ilusão porque não existe tal "eu" separado". Da perspectiva do "eu" imaginário, isso soa assustador, uma receita de colapso moral e de falta de sentido - mas somente porque ainda perdura essa ideia de que "eu" sou de fato separado, e de que se "eu" não controlar o universo, ele certamente será um desastre.

Acordar Espiritualmente (2)

Consciência por natureza aceita absolutamente tudo. O que quer que apareça - seja isso confusão, resistência, dor, prazer, esforço, benção, tédio, estórias pessoais, céu-azul ou tempestades - tudo é permitido estar aqui. Consciência é como um espelho que reflete tudo igualmente sem julgamento ou preferências. Não é que "você" tenha que "fazer" essa aceitação. Ao invés disso, tudo já tem permissão para ser como é, mesmo os julgamentos e preferências. Tudo é! Talvez esse seja o real significado de amor incondicional.

Há algum limite para a consciência presente? Agora, se você fechar seus olhos e prestar atenção cuidadosa, você pode de fato encontrar um lugar onde "dentro" termina e "fora" começa? Quão sólido é o que você pensa como "seu corpo?" A fronteira aparente entre "você" "tudo o mais" realmente existe ou ela é de fato não mais que uma ideia, uma imagem mental, um rio de sensações em constante mudança, uma estória aparecendo na consciência?

O acordar não diz respeito à aquisição de visões psicodélicas ou a posse de sensação oceânica constante. Ela tem a ver simplesmente com o notar que tudo (filme mental, sonhos, percepções, pensamentos, vida acordada, miragens, a ilusão-Eu, a dualidade aparente, tempo e espaço, cadeiras, mesas, expansões, contrações, meditação, retiro, engarrafamento, tudo) é sem substância ou continuidade, e todos aparecem e desaparecem bem aqui. Aqui é sempre aqui. É sempre agora. Até mesmo as memórias do passado, as fantasias sobre o futuro e os pensamentos sobre outros lugares somente podem aparecer aqui e agora, na ilimitada, intemporal e não coisificada consciência presente. Isso é tudo o que há.

Acordar Espiritualmente (3)

Se você está se sentindo confuso, tentando descobrir se você tem ou não livre arbítrio, se você existe ou não, ou se você deve ou não meditar ou não fazer nada, ou se acredita nesse ou naquele professor, simplesmente acorde agora desse pesadelo mental. Pare. Olhe. Escute. Ouça o tráfego, os pássaros, o vento. Sinta a respiração. Nada especial. Simplesmente o extraordinário milagre do que atualmente é.

Queremos que a espiritualidade faça algo por nós. Queremos ser bem sucedidos nela. Queremos ser uma pessoa especialmente iluminada. Queremos livrar-nos do ego, parar de pensar ou ter ilusões. E, claro, ficamos indefinidamente desapontados, frustrados e confusos.

Consciência não é orientada a objetivos. Ela é um estado natural, estado sem estado, o que já é. Ela é absolutamente simples e descomplicado. As estórias sobre você e seus objetivos, seus sucessos e falhas, a significância ou insignificância de sua vida - estas estórias são superimpostas pelo pensamento. Elas criam a miragem do sofrimento que parece tão real. Se consciência presente é algo que "você" parece estar fazendo por um resultado ou para chegar a algum outro lugar, isso o desapontará, e será apenas alguma ideia conceitual de "consciência presente", como um adulto tentando pintar a calçada com água na esperança de que isso vai finalmente fazer dela ou dele um grande e bem sucedido pintor.

Introdução








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