O Problema Raiz - Osho

Não Se Identifique Com Os Pensamentos

O problema raiz de todos os problemas é a própria mente.

Se observar jamais encontrará outra entidade parecida a mente. Ela não é uma coisa, é apenas um processo; não é uma coisa, é como uma multidão. Pensamentos individuais existem, mas seu movimento é tão rápido que não pode ver as brechas entre eles. Os intervalos não podem ser vistos porque não está consciente e alerta; precisa de uma visão interior mais profunda. Quando teus olhos puderem ver mais profundamente, verás, subitamente, um pensamento, outro pensamento e ainda outro pensamento - mas não verás a mente.

Pensamentos reunidos, milhões de pensamentos, te dão a ilusão de que a mente existe: como uma multidão, milhões de pessoas de pé; há tal coisa, multidão? Pode encontrar a multidão separada dos indivíduos que estão ali? Mas estão reunidos e a reunião faz com que sinta que existe algo que é multidão - mas só indivíduos existem.

Esse é o primeiro olhar interior para a mente. Observa e encontrará pensamentos, mas nunca te deparará com a mente.

Em segundo lugar: os pensamentos existem separados de você; não são ligados à tua natureza. Eles vêm e vão - você permanece, você persiste. Você é como o céu: nunca vem, nunca vai, está sempre ali. As nuvens podem ir e vir, são fenômenos momentâneos, não são eternas. Mesmo que tentasse se agarrar a um pensamento, não o poderia reter por muito tempo. Ele tem de ir, tem seu próprio nascimento e morte. Os pensamentos não são seus, não te pertencem. Chegam como visitantes, hóspedes, mas não são o hospedeiro.

Observa profundamente e te tornarás o hospedeiro e terás pensamentos como hóspedes. Como hóspedes, eles são belos; mas se você esquece completamente que é o hospedeiro, eles se tornam os hospedeiros e tu ficas em confusão. Isso é o inferno. Tu és o dono da casa, a casa te pertence, mas os hóspedes se tornaram donos. Recebe-os, cuida deles, mas não te identifiques com eles; de outra maneira, eles se farão senhores.

A mente torna-se problema porque tomaste os pensamentos tão profundamente, dentro de ti, que esqueceste por completo a distância, o fato de eles serem visitantes, de irem e virem. Lembra-te sempre do que é duradouro: O que é a tua natureza, teu Tao. Fica sempre atento ao que nunca vem e nunca se vai, tal como o céu.

Muda o gestalt: Não faças dos visitantes o teu foco; permanece enraizado no hospedeiro. Os visitantes vão e vêm.

Há, naturalmente, bons e maus visitantes, mas não precisas preocupar-se com eles. Um bom hospedeiro trata todos os hóspedes da mesma maneira, sem fazer distinções. Um bom hospedeiro é apenas um bom hospedeiro: Quando um mau pensamento surge, ele trata o mau pensamento da mesma forma como trataria um bom pensamento. Não é de sua competência julgar o pensamento bom ou mau.

Que estás fazendo quando distingues este pensamento como bom e aquele como mau? Estás trazendo o bom pensamento para mais junto de ti, e empurrando para longe o mau pensamento. Mais cedo ou mais tarde, estarás identificado com o bom pensamento, que passará a ser o hospedeiro. E qualquer pensamento, quando se torna o hospedeiro, cria sofrimento - porque não é a verdade. O pensamento é um simulador, e tu te identificas com ele. A identificação é doença.

Gurdjieff costumava dizer que só uma coisa é necessária: Não se identificar com o que vem e vai. A manhã vem, depois dela o meio-dia, vem a tarde, e todos eles se vão. Chega a noite e, novamente, a manhã. Tu permaneces - não como tu, porque isso também é um pensamento, mas como pura percepção. Não o teu nome, porque isso também é um pensamento; não tua forma, porque isso também é um pensamento; não teu corpo, porque um dia compreenderás que também ele é um pensamento. Apenas pura percepção, sem nome, sem forma: Somente a pureza, somente o que não tem forma nem nome, somente o próprio fenômeno de estar consciente - só isso é duradouro.

Se te tornas identificado, tornas-te mente. Se te tornas identificado, tornas-te corpo. Se te tornas identificado, tornas-te um nome e uma forma - o que os hindus chamam nama, rupa, nome e forma - e, então, o hospedeiro está perdido. Esqueces o eterno e o momentâneo torna-se importante. O momentâneo é o mundo, o eterno é o Divino.

Esta é a segunda visão interior a ser obtida; a de que és o hospedeiro e os pensamentos são os hóspedes.

O terceiro passo, se continuares observando, depressa será compreendido. O terceiro passo diz que os pensamentos são estrangeiros, intrusos, estranhos. Nenhum pensamento é teu. Eles sempre vêm de fora; tu és apenas uma passagem. Um pássaro entra numa casa por uma das portas, e sai, voando, por outra. É exatamente assim que os pensamentos vêm e saem de ti.

Continuas a pensar que os pensamentos são teus. Não só isso; também lutas pelos teus pensamentos, dizendo: "Este é o meu pensamento, esta é a verdade". Discutes, debates, argumentas, tentas provar que "isto é o meu pensamento". Nenhum pensamento é teu, nenhum pensamento é original - todos os pensamentos são empréstimos. E não são apenas de segunda mão, porque antes que os fizesses milhões de pessoas já reivindicaram esses mesmos pensamentos. O pensamento é tão exterior como um objeto.

Osho

Fonte: http://consciente-mente.blogspot.com/2009/08/olhe-bem-de-perto-nisargadatta-maharaj.html

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